A desnutrição infantil crônica, entre crianças de zero a cinco anos, diminuiu 90% nos últimos 30 anos, segundo o estudo Saúde Brasil 2009 (Ministério da Saúde). As ações da Pastoral da Criança que, em 28 anos de atividades, contribuíram significativamente para a redução desses índices no país agora estão voltadas também à prevenção da obesidade infantil – problema que tem aumentado e preocupa as autoridades da área da saúde pública.
Projetos pilotos que estão sendo desenvolvidos nas cidades de Maringá e Cascavel (Paraná) reforçam as ações iniciadas há alguns anos. “A partir dos resultados avaliados nessas cidades estamos definindo a nova estratégia de vigilância nutricional para enfrentar a obesidade em outras comunidades pobres do país”, informa o médico epidemiologista Nelson Arns Neumann, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança.
Além de pesar as crianças, a Pastoral da Criança vai medir a altura. Com a idade, peso e altura é possível saber o Índice de Massa Corporal (IMC) adequado para a idade da criança. As famílias são orientadas pelos voluntários da Pastoral da Criança sobre uma alimentação mais saudável em casa. Aprendem sobre as riquezas e o aproveitamento dos alimentos regionais e de baixo custo, como manter hortas domésticas e formas para combater o sedentarismo.
Obesidade também atinge os mais pobres
Há uma forte tendência de que a obesidade migre dos mais ricos para os mais pobres, de acordo com Carlos A. Monteiro, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Uma das razões é o acesso dos mais pobres às farinhas e açúcar. Os alimentos com menos densidade energética são mais caros. Outros fatores de grande relevância citados por Monteiro, a partir da publicação do Vigitel Brasil 2009 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), são ligados aos hábitos alimentares, estilos de vida e comportamento, como o sedentarismo.
A prevenção da obesidade deve ter como aliados o consumo de frutas, hortaliças, feijão e a atividade física. A Pastoral da Criança entende ser o brincar uma atividade necessária ao desenvolvimento infantil. A ação, incentivada entre as famílias acompanhadas pela entidade, tem o objetivo de aumentar o interesse pelos brinquedos e brincadeiras e pelas atividades de lazer nas comunidades.
Alimentação da criança ainda no ventre materno
Nelson lembra ainda que a alimentação da criança ainda no ventre materno e nos primeiros dias e meses de vida tem grande efeito sobre o metabolismo da criança. Cita como exemplo a pesquisa de Alan Lucas, do Instituto da Criança de Londres, que acompanhou crianças do nascimento aos 14 anos de vida: as crianças amamentadas com leite materno apresentaram na adolescência menos hipertensão arterial, diabetes e obesidade.
Durante o crescimento humano normal, o desenvolvimento dos órgãos de baixa prioridade, como o pulmão e rins, é "negociado" para proteger os órgãos de alta prioridade, especialmente o cérebro, conforme exposições realizadas durante o Congresso Mundial de Epidemiologia, em Edimburgo (Escócia), em agosto deste ano. Segundo investigações recentes, as associações entre o crescimento inicial e doenças tardias se estendem através do crescimento fetal e infantil. Portanto, o foco inicial para as ações da Pastoral da Criança deve sempre priorizar a saúde e a nutrição das gestantes e das crianças.
Assessoria de Comunicação
Coordenação Nacional da Pastoral da Criança